Já sem água na parte da escultura, área se tornou praia para os frequentadores da lagoa - Foto: Valdenir Rezende / Correio do Estado
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Por causa do calor intenso - mesmo durante o período de inverno, quando a umidade relativa do ar chegou a índices críticos - e chuvas fracas a Lagoa Itatiaia, no Bairro Tiradentes, está secando.
Na verdade a água do local está evaporando por conta das condições climáticas. Como o local é abastecido pelo lençol freático - ou seja, a água chega até a lagoa por meio da canalização subterrânea natural - e não por córregos, a manutenção do nível de água fica prejudicada.
O professor Fábio Veríssimo Gonçalves, do curso de Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), afirma que o processo é natural e ameaça a vida do local. “Se não voltar a chover em grande quantidade, a lagoa pode secar em três meses. Com chuvas curtas e esparsas, o lençol freático fica abaixo do nível de recarga, o que leva à evaporação”, explicou.
Veríssimo observou que há acúmulo de uma certa quantidade de sedimentos, mas ainda não se pode afirmar que a lagoa passa por assoreamento. Para se chegar a essa resposta, seriam necessários estudos para confirmar se há ou não assoreamento. “Não é a causa principal, então o que realmente causou esse processo foi a estiagem”, apontou.
O nível da água só não diminui ainda mais por outro fator: a lagoa não é usada para consumo. Se isso ocorresse, o professor acredita que a Capital veria uma crise hídrica como no estado de São Paulo entre 2014 e 2016, que levou os moradores a economizar. “No sistema Cantareira, a estiagem e vazamentos aumentaram o consumo. Como aqui não há consumo, nada se pode fazer a não ser esperar por duas a três semanas de boas chuvas”, argumentou.
CIENTE
O titular da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana (Semadur), Luís Eduardo Costa, disse que o município já está tomando algumas medidas para tentar ao menos amenizar o problema. “Enviamos técnicos da Semadur para fazer vistoria e checar o lençol freático”, afirmou. Costa reforçou que o processo é natural e garantiu que a lagoa não está passando por um processo de assoreamento.
Em 2018, o prefeito Marcos Trad (PSD) sancionou lei que criou o programa Lagoa Itatiaia Viva para promover a conservação, proteção da diversidade biológica e proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental. Porém, a pesca na lagoa, ponto que mais preocupou os vereadores, foi novamente vetado pelo Executivo.
O veto ao mesmo tipo de proibição já tinha sido aplicado igualmente em 2014, na ocasião pelo então prefeito Gilmar Olarte (sem partido). O Correio do Estado destacou que Olarte, de forma poética, apontou que a razão principal “se restringe ao fato de proibirmos a pesca àqueles cidadãos que talvez por uma situação ou outra e até mesmo pela condição financeira, não tem condições de levar até a sua mesa um alimento que possa nutrir a fome de seu semelhante”.