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Fumaça frustra planos e turistas que visitavam Corumbá antecipam volta para casa em 10 dias

Família planejava passar 20 dias em Corumbá, mas encurtou pela metade a viagem por causa das condições climáticas



Céu de Corumbá encoberto de fumaça (Alicce Rodrigues, Midiamax).



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As queimadas no Pantanal de Mato Grosso do Sul, que atingem a região desde o mês de março, mudaram a movimentação de visitantes e a rotina de turistas em Corumbá, cidade a 425 km de Campo Grande, que lidera nacionalmente o número de focos de incêndios registrados.

A família da dona de casa Sebastiana Gomes Alves planejava ficar passeando na região durante 20 dias, permanecendo em Corumbá até o dia 10 de agosto, mas decidiu antecipar o fim da viagem para este dia 1º.

“Tem muita fumaça. Às vezes a gente acorda com o lábio, o nariz ‘tudo seco’ [sic] devido a essa queimada, entendeu? Então, quer dizer, isso aqui não é uma coisa do Pantanal”, afirmou Sebastiana ao Midiamax.

“(Esse lugar) aqui é uma beleza do Pantanal. Aqui a gente vem pra passear de barco, ver e preservar essa natureza linda. A gente aproveita as férias das crianças, que querem ver o rio, querem conhecer Corumbá, conhecer a beleza que tem esse rio do Pantanal, mas dessa vez tem muita fumaça”, compartilha a dona de casa. 

Condições do clima

Família no Rio Paraguai (Alicce Rodrigues, Midiamax).

Ela e a família moram em Terenos, município a 30 km de Campo Grande. Eles costumam visitar Corumbá todos os anos. Mas, agora, em 2024, a viagem não saiu como o planejado. 

“As crianças ficaram até com tosse. Então, a gente está indo embora amanhã, encurtamos a viagem, a gente ia voltar só no dia 10, mas estamos indo embora porque as crianças ficaram com tosse. De noite, o nariz seco”, detalha Sebastiana.

A família aproveitou o fim da viagem nesta quarta-feira (31) para passear mais um pouco pela cidade e se despedir do cenário pantaneiro. “Mas olha o estado que está. Muita fumaça”, completa a mãe, apontando para o horizonte no Porto Geral.

Problema da fumaça

Como já explicado pelo Midiamax, a fumaça atinge população e animais com poluentes pelo ar, pela água e pela terra em curto, médio e longo prazo.

A bióloga e pesquisadora Sandra Hacon, do DENSP/ENSP (Departamento de Endemias Samuel Pessoa), detalha os problemas.

“Partículas de poluentes podem penetrar profundamente nos pulmões, chegando à corrente sanguínea, com efeitos sistêmicos para o organismo humano. Esses poluentes são responsáveis por cerca de um terço das mortes por AVC, doença pulmonar obstrutiva crônica, asma e câncer de pulmão. Além de um quarto das doenças do sistema circulatório”, detalha.

Já a coordenadora da Pibss/Fiocruz (Plataforma Institucional Biodiversidade e Saúde Silvestre) e pesquisadora da ENSP, Marcia Chame, aponta que a contaminação ambiental também torna a água imprópria para consumo, elevando a frequência de infecções intestinais.

“Com a chegada das chuvas, toda a cinza deságua nos corixos, poluindo os rios, as baías e matando peixes e alevinos – iscas que são fonte de renda de muitas comunidades. Não há mais água potável para beber”, detalha Marcia.

Nesse contexto, ela explica que também há aumento de doenças de pele desconhecidas.