Comportamento

Jacaré quase morreu para salvar menina de choque e tinha respeito até de gangue

o Nova Lima, a figura virou "lenda", mas isso não poupou o personagem do bairro de atropelamento e morte.



Uma das últimas fotos de Jacaré antes de sua partida. (Foto: Arquivo Pessoal)



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A história foi um pouco injusta com o Nelson Keiti Gomes Nagase. O Jacaré, como ficou conhecido na cidade, especialmente no Bairro Nova Lima, foi dono de uma comunicação amorosa com a periferia, mas uma fatalidade o fez perder os sentidos cedo demais. Por isso, ele não sobreviveu para contar a própria história.

 

Cinco anos depois de sua morte, o professor de Artes Visuais Paulo Cesar Duarte Paes, de 60 anos, revisita os momentos da maior amizade que já teve na vida.

Jacaré madrugava para ajudar os pais e manter as portas que nunca fechavam na lanchonete “Sem Nome” na Avenida Afonso Pena quase esquina com a Rua 14 de Julho, isso ainda década 80. Tinha uma intelectualidade nata, era íntimo dos livros e amava o cinema, afirma Paulo.

“Eu o conheci no Cineclube, que tinha uma tradição de estudo do universo cinematográfica e intelectual. Mas nós queríamos levar o cineclube para o povo”, lembra Paulo que largou o emprego de vendedor para entrar de cabeça em um projeto com Jacaré. “Criamos então uma chapa, um grupo de inúmeros amigos e começamos a passar filmes no Bairro Nova Lima”, completa.

Á época o projeto chama-se “Periferia Viva”, desenvolvido pelo Cineclube em parceria com o MEC (Ministério da Educação) e o governo do Estado. Na primeira sessão do Nova Lima foi exibido o filme “O homem que virou suco”, de João Batista de Andrade. “Na cena de sexo entre José Dumont e Célia Maracajá, algumas mulheres se revoltaram e entraram na frente da projeção dizendo que aquilo era uma vergonha”, lembra.

Apesar do susto logo na primeira exibição, o Cineclube ganhou o coração dos moradores em pouquíssimo numa comunidade que não tinha opções de lazer. E o projeto continuou atuando para promover a interação o povo e a cultura da comunidade.