Keity, que é enfermeira em Nova Andradina e vai voltar ao trabalho após ter sido infectada por uma paciente - ARQUIVO PESSOAL
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O futuro e as consequências incertas do novo coronavírus não impediu que pacientes que “venceram” o vírus retomassem suas vidas após serem considerados “casos encerrados”, pela Secretaria Estadual de Saúde (SES).
Uma dessas 37 pessoas em Mato Grosso do Sul, a enfermeira Keity Rodrigues, 30 anos, por exemplo, voltará ao trabalho no próximo dia 18 de abril, junto aos colegas profissionais de saúde que enfrentam a pandemia do novo vírus, causador da Covid-19.
O isolamento da profissional terminou na quarta-feira (8), quando, após 14 dias, pôde voltar a abraçar o filho de três anos.
Keity contou ao Correio do Estado que começou a sentir os sintomas no dia 25 de março, quando teve tosse e febre.
“[Tive] muitos dias de febre e não sentia fome. Perdi cinco quilos. Não sentia gosto das coisas que comia nem sentia cheiro. O desconforto respiratório veio no sexto dia, minha saturação não subia de 92%, 91%” contou ela, que também teve dor de cabeça e no corpo.
“Foi intenso. A gente já esperava, por eu ser enfermeira e pelos sintomas, mas não queria acreditar”, contou ela sobre como se sentiu ao testar positivo para coronavírus.
Keity possivelmente foi infectada após atender a merendeira aposentada Eleuzi Silva do Nascimento, 64 anos, que morreu vítima do coronavírus no dia 31 de março.
A idosa ficou internada uma semana no hospital onde a enfermeira trabalha, em Nova Andradina, a 297 quilômetros de Campo Grande. Eleuzi só teve a doença confirmada quando foi transferida para Dourados em estado grave, dias antes do óbito.
Quando testou positivo, Keity já estava em isolamento domiciliar para não infectar o marido Thiago dos Santos Odeque, 32 anos, e o filho. “Já havíamos cada um ido pra um quarto, eu fiquei no meu quarto com banheiro só meu, Thiago ficou com o neném e o restante da casa”, explicou. Ambos, o filho e marido, testaram negativo para o vírus, mas continuaram em isolamento com Keity.
Segundo a diretora de atenção à saúde do Estado, Mariana Crodda, os pacientes estão sendo tratados como casos encerrados. “Tratando-se de coronavírus, ainda há algumas lacunas. Mas os casos que não foram graves já é sabido que eles eliminam mais vírus e portanto 14 dias é suficiente”, explicou ela ao Correio do Estado.
Para Keity, a volta ao trabalho é natural após o fim do isolamento e garante que não tem medo da exposição novamente. “Eu creio que já estou curada, Minha quarentena terminou ontem e sigo em casa até sexta a pedido dos médicos. A sensação é muito mista, muita emoção envolvida, muito agradecimento primeiramente a Deus e a Mãezinha do céu. Uma sensação de ser livre. É que nem a música do [filme] Frozen ‘livre estou”, comparou ela.
Ela também falou sobre a volta ao trabalho e a importância da profissão. “Enfermagem tem um papel de suma importância e é a peça fundamental para a detecção, a avaliação de qualquer caso que seja suspeito, sendo que não é apenas de ‘nossa’ capacidade, mas de se tratar de sermos a maior categoria de profissionais de saúde, e sermos os únicos que estamos 24h do lado do paciente”, comentou.
Outra que se livrou do isolamento completo foi a jovem Thayany Silva, de 23 anos, que foi uma das primeiras pessoas a ter o resultado positivo para a Covid-19, em Campo Grande. Segundo a estudante, durante o período de isolamento ela não desenvolveu nenhum sintoma da doença, apesar de ter tido o resultado positivo.
Thayany contou ao Correio do Estado que seguiu as orientações do médico no período e ficou esse tempo trancada no seu quarto, na casa dos pais, em Campo Grande. Mesmo assim não teve contato com a família nem na hora de se alimentar. Porém, com o fim dos 14 dias ela pôde voltar ao convívio familiar.
Crodda disse que as recomendações para os pacientes que foram liberados do isolamento é o mesmo para o restante das pessoas. “É o mesmo mais por não termos total conhecimento acerca da chance de reinfectar. Sabemos mais como transmitir”, explicou.
CASOS
Atualmente Mato Grosso do Sul contabiliza 89 contaminados, sendo que 37 já foram foram considerados casos encerrados por terminarem a quarentena e não apresentarem sintomas.
Dos 52 pacientes restantes, 36 cumprem isolamento em casa e 16 estão internados: seis em enfermarias e dez em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). O paciente mais novo é um bebê de três meses de idade, que está em isolamento domiciliar com os pais e assintomático, passando bem.